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Pela primeira vez, os The Brave Ones apresentam uma aventura a sul do Rio Douro. A linha escolhida foi a linha do Vouga. A bitola desta linha é de 1000 mm, ou seja, via métrica. Desta forma, todas as linhas activas de via métrica, em Portugal, ficam por nós conhecidas.
A linha do Vouga liga Espinho a Sernada do Vouga. Era na estação de Sernada que dava continuação para Viseu, o que não acontece desde 1990.
Falando um pouco de história desta linha, foi inaugurada por um rei (D. Manuel, o seu primeiro troço: Espinho - Oliveira de Azeméis) e pertenceu, durante 39 à Companhia do Vale do Vouga. Foi em 1946 que a concessão da linha passou para a CP.
Existe um ramal, que pertence à actual linha do Vouga e que liga Aveiro a Sernada do Vouga. Desta forma, pode-se dizer que a linha do Vouga liga Espinho a Aveiro, numa extensão bem maior que a linha do Norte! Entre Sernada do Vouga e Viseu, o encerramento da linha foi em 1990, como muitas outras! É de salientar que este troço já tinha sido encerrado, entre 1970 e 74, alegadamente por incêndios florestais causados pelas locomotivas a vapor!! Chega a ser ridículo!! Faz, de certa forma, lembrar o que se passa com a actual linha do Tua....
Falando em extensões:
- de Espinho a Sernada do Vouga: 61.6 kms;
- de Sernada do Vouga a Viseu (linha desactivada): 76.4 kms;
- de Sernada a Aveiro (antigo ramal de Aveiro): 34.6 kms.
Oito horas da manhã do dia 19 de Setembro, lá estávamos a comprar bilhete, na estação de Porto - S. Bento para Espinho. Embarcamos no comboio urbano Nº15911, com destino a Ovar e partida às 8:10.
Após uma viagem na confortável, mas não muito interessante para nós, UME 3400 (Unidade Múltipla (há quem chame Quádrupla) Eléctrica), chegamos à moderníssima estação de Espinho, às 8:47, uma estação que há um tempinho era à superfície, parecendo agora uma estação do Metro do Porto, dizemos nós!). Aproveitamos o tempo que nos sobrou, entre a hora de chegada e partida do comboio na linha do Vouga, para tomar o pequeno almoço.
Aproximando-se a hora de partida da UDD 9630 (Unidade Dupla Diesel) dirigimo-nos para a estação de Espinho - Vouga. Embarcamos na UDD 9635, um comboio muito engraçado, que já andou na antiga linha da Póvoa. Mas nem se compara às automotoras que andam nas restantes vias métricas do país!!! (Sim, aquelas que parecem um autocarro!)
Uma viagem linda, numa linha muito interessante, pôde seguir-se. Admiramo-nos com a quantidade de PN's sem guarda que esta linha possuí. Os números falam por si e não admiram: em 2006, 27 acidentes; em 2008, 20 acidentes. A Refer já está a tratar do assunto, fazendo um investimento que visa a colocação de barreiras nas Passagens de Nível, controlo de circulação, etc. E faz bem falta! De resto, não há palavras para descrever a beleza de tal linha onde impera o Regime de Exploração Simplificada. Com este Regime, o chefe de comboio, em cada estação, tem de pedir autorização de avançar para a estação seguinte ao chefe de linha, actualmente localizado na estação de Sernada do Vouga. Em todas as estações lá vai o revisor (chefe do comboio) à salinha de transmissões e liga para o chefe... Só depois de concedida autorização, prosseguimos!
Em Oliveira de Azeméis, entrou um funcionário da Refer no nosso comboio. Isto porque as passagens de nível entre esta estação e Sernada, devido ao reduzido número de circulações, não têm guarda de PN. E como são passagens de nível em que é indispensável a utilização de barreiras, visto serem muito movimentadas, lá vai o funcionário no comboio para as abrir e fechar. Bem visto o filme é assim, o maquinista tem de parar antes da atingir a PN para que o funcionário saia do comboio e vá lá fechá-la. Mal esteja fechada, o comboio avança e pára imediatamente depois da PN. O funcionário levanta as barreiras e corre para, novamente, entrar no comboio. Feito isto, o comboio segue a sua viagem! Isto acontece 5 ou 6 vezes!! É cansativo para o Homem!!
As poucas circulações que existem neste troço, é devido a gestão de frota, ou seja, para abastecer, fazer revisão, ir à oficina, etc. É mais com esse objectivo que outra coisa, porque os horários são completamente estúpidos (passo a expressão) para quem trabalha: às 10 e às 15?!
Uma parte muito engraçada da linha é antes de Sernada, onde a linha faz sucessivos U's não saindo praticamente do mesmo sítio. Este facto deve-se à brusca variação de altitude, num curto espaço, o que obriga a sucessivas curvas para o comboio "ir descendo" dentro dos parâmetros legais. É neste local, onde se podem ver 2 túneis em curva, não muito compridos.
Chegamos a Sernada às 11h36. Tínhamos, de alguma maneira, de fazer tempo para o Museu abrir (o que só acontece às 14h00). Desta forma, visitamos todo o material abandonado existente em Sernada do Vouga. Salienta-se, deste material, 2 Allan 9300.
Após essa visita, fomos averiguar a antiga linha que ia para Viseu. Desactivada desde 1990, nem carris, nem travessas... nada! Apenas uma estrada segue onde foi, outrora, uma via férrea! Como sabíamos que, ali perto, existia uma ponte, fomos averiguar o seu estado. 1 km depois da estação lá estava ela: e mesma onde há mais de 15 anos passava o comboio, passam agora carros. Apenas foi adaptada ao novo meio de transporte e forçada.
Hora de voltar à estação de Sernada e começar a verdadeira caminhada, na sua primeira fase, até Águeda.
Estação de Sernada do Vouga - km 61,5 (Linha do Vouga) - km 0 (Ramal de Aveiro) |
Entre Sernada e Macinhata do Vouga, parámos para almoçar e, no mesmo local, cruzamos com o primeiro comboio do dia.
Após o almoço fomos visitar o museu de Macinhata do Vouga, situado ao lado da estação. Lá, pode ser visto algum material que já circulou até Viseu e até na linha do Dão, que ligava Viseu à linha da Beira alta. Momentos de contacto com material bastante interessante como máquinas a vapor, automotoras engraçadas, carruagens, vagões correio, etc. A visita durou mais de hora e meia, o que não era esperado! Desta forma atrasamos bastante a nossa caminhada.
Estação de Macinhata do Vouga - km 2,7 |
Macinhata do Vouga: Estação e Museu ao lado esquerdo! |
No Museu de Macinhata |
Uma Máquina no exterior do Museu, a vapor! |
Estando nós 45 minutos atrasados, após a visita, tivemos de acelerar bastante para não perdermos o comboio em Águeda, às 18h32. Com a ajuda da falta de balastro e de travessas em alguns troços de linha, lá fomos recuperando o nosso atraso.
Apeadeiro de Carvalhal de Portela - km 4,7 |
Apeadeiro de Valongo do Vouga - km 6,4 |
Apeadeiro de Aguieira - km 8,9 |
Apeadeiro de Mourisca do Vouga - km 10,1 |
Após termos passado Mourisca do Vouga, deparamo-nos com um grupo de carneiros que se encontravam a pastar num campo junto da linha. Demos por nós, a imitá-los pouco tempo depois (não a pastar, mas o seu modo de comunicar, sublinhe-se)!!
Pouco à frente, fica Águeda. Chegamos aqui com um atraso de 5 minutos, relativamente à hora programada. Grande recuperação! Mas ainda faltava 15 minutos para o comboio partir. Então, aproveitamos para comprar bebidas frescas e analisar a estação de Águeda.
Estação de Águeda - km 14,4 |
Com isto, são 18:32, a hora de partida do comboio com destino a Aveiro. E lá fomos nós... Aproveitamos para lanchar dentro do comboio e apreciar a paisagem visível nos nossos vídeos. São apenas 9 kms, mas que significam cerca de 2 horas e meia de caminhada! Se assim não fosse, depois não tínhamos comboio a horas decentes para chegar a casa!
Chegada a Eirol, são 18:50. Saímos do comboio que seguirá a sua marcha para Aveiro após cruzar, neste local, com outro comboio. Para nós, inicia-se agora a segunda fase da caminhada que incluí uma caminhada nocturna, como já há muito não fazíamos!
Estação de Eirol - km 23,7 |
Os primeiros quilómetros são junto à estrada nacional, facto que nos incomodava um pouco.
Apeadeiro de São João de Loure - km 25,8 |
Cruzamos com o último comboio e, a partir daí iniciámos a caminhada em plena noite, mas com um luar parecido com a nossa primeira caminhada.
De lanternas em punho lá íamos caminhando pelas trevas! É emocionante.
Estação de Eixo - km 27,8 |
E lá continuamos até Aveiro.
Apeadeiro de Azurva - km 30,2 |
Apeadeiro de Esgueira - km 32,6 |
Chegada à Estação de Aveiro - km 34,6 |
Apanhamos o comboio das 23:19, último urbano do dia a partir daqui! 00h25 foi a hora de chegada a Porto-São Bento. Porque caminhámos mais calmamente, visto que estávamos cansados, chegámos uma hora mais tarde que o previsto, perdendo o comboio que chegava às 23h25 à nossa estação inicial e final! Porque, tudo acaba onde começa!
Resumindo, foi uma linha super interessante, de visita obrigatória para quem gosta de comboios. A caminhada foi de 14+11= 25 quilómetros, cansativa, mas sempre entusiasmante. E viva os Vouguinhas!...
Fotos da Aventura (podem ser melhor visualizadas na nossa galeria de fotos):
Todos os Vídeos da aventura podem ser visualizados através do link no topo.
1 comentário:
Fizemos uma aventura em que utilizamos a linha do Vouga e Bicicleta....temos um PPS....gostavamos mostrar...
Olhem o que escrevemos para um jornal:
O CNAI
no
TREM-CICLO-TUR 1
O Clube Natureza e Aventura de Ílhavo, sentindo que na nossa região a Industria Turística não se encontra desenvolvida de uma forma agressiva para aumentar e diversificar a oferta e o numero dos nossos visitantes, achou por bem planear, reconhecer e testar um percurso em que fosse utilizado o comboio e a bicicleta. Assim juntando diversas siglas designou a actividade por TREM-CICLO-TUR 1.
Observada a carta militar e alguns sites decidiu-se que seriam visitados os Museus do Comboio em Macinhata do Vouga e o Etnográfico em Requeixo, o Sitio Arqueológico do Cabeço do Vouga, o Panteão dos Lemos na Trofa, a Ponte Medieval do rio Marnel, a Ponte de Requeixo na foz da Pateira de Fermentelos, o Miradouro De S. Paio para observar a Pateira em toda a suas extensão e a finalizar passava-se ao Porto de Ílhavo, visitava-se a Ucha (celeiro) de Salgueiro, as Águas do vale das Maias, a Nascente Negra e chegávamos a Ílhavo. No planeamento realizado pensou-se ainda visitar a Mamoa do Mamodeiro e o Forno Romano de Eixo mas, no reconhecimento que se fez não encontramos a Mamoa, como tem acontecido a muitas outras pessoas e achou-se que o forno não merecia um desvio tão significativo no percurso.
Feito um contacto verbal com a estação da CP de Aveiro soubemos que no comboio para Macinhata do Vouga só seria permitido a 3 ou 4 ciclistas fazerem-se acompanhar da sua bicicleta, por isso decidiu-se preparar o atrelado de canoas para as restantes e estabeleceu-se que o primeiro passeio seria limitado a doze jovens.
Contactadas as varias entidades responsáveis pelos espaços a visitar, a CP Portuguesa e a entidade Regional de Turismo lá chegou o dia 17 de Outubro, que tinha sido definido para se realizar o TREM-CICLO-TUR1 e lá partiram, cerca das 8h30, do largo do Bispo, os 5 jovens que se inscreveram para a actividade.
O percurso de Ílhavo até á estação foi rápido e, depois arrumadas as bicicletas no comboiozinho do «Vale do Vouga», lá partiram até Macinhata onde se iniciou o percurso ciclistico e cultural ao longo de cerca de 60 km, tendo sido visitados quase todos os locais com excepção do Panteão dos Lemos, onde passaram cerca de hora e meia adiantados e, como era hora de bastante calor, achou-se por bem continuar.
Ao fim da tarde, cerca das 17h30, os cinco ciclistas entraram em Ílhavo conscientes de que por 2,50 euros tiveram um dia diferente e culturalmente bastante enriquecedor.
A terminar acho que seria interessante descrever aqui os vários locais por onde se passou mas como ocupa muito espaço deixamos aos leitores destas linhas o desafio de também eles pegarem nas suas bicicleta e, pelo custo de um bilhete de comboio, visitarem os locais referidos, misturando de forma saudável desporto e cultura.
O REPORTER DO CNAI
Antonio Angeja
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