Linha do Douro: Barca d'Alva -> Pocinho

28 e 29 de Julho de 2007

Lista de Reprodução dos Vídeos da Aventura: AQUI
Galeria de Fotografias da Aventura: AQUI

Tudo começou com uma vontade de dar um passeio de comboio. Após alguma indecisão decidimos realizar um passeio até ao Pocinho, actual término da linha do Douro. Depois levantou-se a questão - O que fazer durante o tempo em que nos encontramos lá no Pocinho até voltarmos para casa?
Após alguma pesquisa na Internet, verificamos que houvera pessoal que realizou a caminhada entre a estação internacional de Barca d'Alva e o Pocinho. Decidimos, então, experimentar.
É uma caminhada de 28 km, numa linha já bastante degradada. No mapa, pode-se ver o percurso efectuado:

O nosso dia começou na estação de Porto - Campanhã, pelas 7h25, num comboio (UTD - Unidade Tripla Diesel) com destino ao Pocinho. Após uma bela viagem pela Linha do Douro, chegámos à estação do Pocinho pelas 10h40. Após a nossa chegada, embarcamos num autocarro de uma empresa que realiza o percurso até Barca d'Alva. Depois de uma atribulada viagem de duas horas por uma região bastante acidentada, passando por Vila Nova de Foz Coa e Figueira de Castelo Rodrigo (entre outras povoações), finalmente chegamos ao nosso desejado destino. Eram já 12h45.
Visitámos a estação ferroviária de Barca d'Alva e, com alguma curiosidade, fomos ao lado espanhol, atravessando a Ponte Internacional sobre o Rio Águeda. Como já tínhamos alguma fome, aproveitamos para almoçar no primeiro túnel da linha que continua para Fregeneda.
Depois do almoço, voltámos para o lado português com pena de não termos continuado para o lado espanhol, mas com a promessa que lá voltaríamos. Este lado espanhol (trajecto Barca d'Alva/La Fregeneda) é muito conhecido devido a ter 20 túneis e 11 pontes em apenas 17 kms, associado a uma paisagem magnifica.
Voltando à nossa caminhada, como nos tinham dito que faríamos o percurso entre Barca d'Alva e o Pocinho em 5 horas, estávamos confiantes que chegaríamos a esta estação por volta das 19 horas para embarcar no último comboio para o Porto cuja partida era às 19h05.
A caminhada foi iniciada pelas 14 horas.
Após começarmos a dita caminhada, apercebemo-nos logo que o estado em que se encontrava a linha (muitas pedras, travessas em muito mau estado e, muitas vezes, ausentes, muita vegetação e desmoronamento de pedregulhos provenientes das encostas das serras que se encontravam paralelamente à linha) e devido às altas temperaturas que se faziam sentir àquela hora do dia (cerca de 39º) não nos ia ser possível concluir a caminhada à hora prevista. Assim sendo, combinámos que iríamos realizar a caminhada com mais calma tendo assim de ficar a viagem de regresso ao Porto para o dia seguinte.
Com as condições que tínhamos, tivemos de parar para descansar e beber água inúmeras vezes. Desta forma, cada quilómetro parecia infinitamente grande e à medida que caminhávamos, tínhamos a sensação que não chegávamos ao fim.
Devido à escassez de água, até tivemos que ir ao leito do magnifico rio douro abastecermo-nos da mesma, e para que não hajam dúvidas a água naquela zona do rio é pura como a da nascente e com bom sabor.
Já o sol desaparecia e nós sem saber a que distancia estávamos da estação do Pocinho, porque naquela linha muitos dos postes de quilometragem encontravam-se ausentes. Assim sendo, encontrávamo-nos um pouco "perdidos". Á medida que o sol ia "baixando", as condições de visibilidade iam, como é óbvio, piorando. Em contrapartida, a temperatura ia descendo , o que fazia com que aguentássemos mais tempo sem descansar. por volta das 21 horas e aproveitando a noite com uma invejável lua cheia, parámos para jantar, entenda-se, comer alguma coisa. Apesar de todas as dificuldades que já tínhamos passado até então éramos recompensados com a magnifica paisagem nocturna que é única naquela região do douro.
Já com 7 horas de caminhada percorrida e com muito cansaço lá fomos avançando por entre curvas e vegetação da linha sempre à espera de algum sinal de que estávamos a chegar ao Pocinho. Por volta das 23h30 avistámos um conjunto de luzes que nos levaram a acreditar que era a barragem do Pocinho. Mas tudo não passou de um "falso alarme", pois eram luzes de uma vila qualquer do outro lado do rio.
Finalmente e após uma grande curva na linha à esquerda verificamos que ao longe se avistava a barragem com a estação do Pocinho, logo a seguir. À nossa chegada, esperava-nos uma estação totalmente calma, pois já eram 04h00 da madrugada. ;-)
Como se encontrava um comboio estacionado na plataforma de embarque que, supostamente, iria ser o primeiro a partir desta estação, fizemos questão de entrar e acomodarmo-nos no seu interior para um merecido descanso. Aquando da chegada do pessoal da CP e Refer e tendo nós bilhete já adquirido permanecemos na carruagem. É de salientar que ninguém se apercebeu da nossa presença.
O comboio partiu 6h54. E mais uma vez a percorrer, agora em sentido contrário, a magnífica linha do Douro com uma paisagem matinal deslumbrante! Comboio praticamente vazio com destino à Régua, local onde teríamos de mudar para outra composição com destino a Porto - Campanhã. Aproveitámos o transbordo para um pequeno almoço reforçado na estação do Peso da Régua.
E, finalmente, chegámos ao Porto, por volta das 10h30. Mal nos conseguíamos mexer! O cansaço era terrível. Fomos cada um para sua casa para descansar, para recuperar forças - o tão desejado e merecido descanso!
E esta foi a nossa primeira experiência, aquela que ditou e nos inspirou para outras! Apesar de todas as dificuldades, de termos passado por condições no limite do que é humano, não ficámos assustados e muito menos arrependidos! Tudo porque "We are the Brave Ones" (Nós somos os corajosos!)!




Aqui têm alguns vídeos da nossa aventura!! Um Duplo clique sobre o vídeo levar-vos-á para o YouTube onde poderão ver a descrição do vídeo e deixar um comentário. Os restantes vídeos, para serem visualizados, terão de abrir a Lista de Reprodução no YouTube, clicando acima (junto à data da aventura).









3 comentários:

Filipe disse...

Muitos parabéns pelo vosso trabalho. No entanto gostaria de vos deixar uma sugestão. Acho que deveriam apostar mais nos comboios urbanos do Porto. Na minha opinião estes comboios despertam um maior interesse por serem modernos. Gravem alguma viagem na cabine... É só uma sugestão!!!

Vasco Costa disse...

Esta semana estive em Barca dAlva e vi quem não se pode entrar nem no edifício nem nas garagens, pois as portas e janelas estão cobertas de tijolo e cimento. Por acaso sabem quando é que isto aconteceu?

The brave ones disse...

Caríssimo Vasco,

Não lhe sabemos dizer quando isso ocorreu. Apenas sabemos que foi devido à ocupação não autorizada destes edifícios.

Muito obrigado!