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Data: 11 de Julho de 2010
Versão B. O. Train: III
Apresentamos a primeira Marcha do nosso comboio B. O. Train numa linha de Via Estreita ou Métrica: Linha do Tua entre a estação (agora apeadeiro) de Brunheda e o quilómetro 3. Só conseguimos ir mesmo até este local, uma vez que nos três primeiros quilómetros da Linha do Tua os carris são inexistentes. Foram retirados em 2010 para facilitar o acesso aos estudos para a futura barragem de Foz-Tua. E é devido a essa barragem que esta linha é das que tem mais dado que falar ultimamente! A barragem, a concluir-se, inundará os primeiros quilómetros da Linha do Tua, até à estação de Santa Luzia, sensivelmente. Será, então, literalmente destruído praticamente todo do percurso que realizamos nesta marcha, percurso esse dos mais fantásticos de percorrer de toda a rede ferroviária nacional, e até mesmo da Europa! As paisagens observáveis através desta Linha são absolutamente fantásticas, imponentes e que chamam bastantes turistas estrangeiros e não só, mesmo com a linha nas condições que se encontrava! Se fosse mais divulgada e modernizada, esta Linha Maravilha traria muitos mais certamente e seria grande o ganho para esta região! Mas não, em Portugal, destruímos o pouco que temos de bom, em prol de... cimento! Até mesmo a denominação de Património Mundial do Douro pode estar em causa devido a esta falha enorme por parte dos nossos governos que apenas se limitam a ver dinheiro no seus bolsos e contribuem fortemente para a desertificação do interior!
Politicas à parte, além de realizarmos a Macha com o nosso comboio porque era um grande desejo nosso, aproveitamos para fazer um pequeno protesto e marcamos o mesmo com mensagens que colocamos no nosso B. O. Train! Não era pela quantidade de pessoas que nos veriam no local mas sim através daquelas que nos verão pela Internet! Assim damos o nosso auxílio em defesa da Linha do Tua!
O local de montagem escolhido foi a estação de Brunheda (ultimamente transformada em apeadeiro). Porquê: local de fácil acesso e permite, mais tarde, realizar o restante troço desativado até ao Cachão! Decidimos também que primeiramente iríamos realizar a viagem para baixo, em direcção ao Tua. Nas pesquisas que efetuamos chegou-nos a informação que só poderíamos viajar até ao km 3 (pelas razões já referidas) e que, pelo caminho, iríamos encontrar uma grande derrocada. Mostramos, agora, um pequeno mapa/esquema desta marcha e do envolvente do percurso realizado:
A nossa chegada a Brunheda foi por volta das 8:00 e iniciámos logo a montagem do B. O. Train. E, num Domingo de Verão, apenas nós e os barulhos da Natureza se faziam ouvir!
Tínhamos hora de partida para as 9:30. Mas, obviamente, atrasamo-nos e só conseguimos sair já passava das 10:30.
Cerca de um quilómetro depois de Brunheda, verificamos que uma fita de segurança se encontrava no nosso caminho. Retiramos a mesma e limpámos algumas pedras que se encontravam a dificultar-nos o caminho. Tratava-se do local onde se estavam a fazer escavações para colocação de grandes pilares que sustentarão a ponte para o IC5. Na altura que realizamos a marcha, não dava para perceber bem o que se estava a passar lá, mas em 2011 quando visitamos o mesmo local este encontrava-se completamente diferente: já se encontravam erguidos os dois grandes pilares, um de cada margem do rio Tua! Podem ver estas imagens na 5ª Marcha do B. O. Train: Brunheda - Cachão!
Palavras para quê? As imagens falam por si: a viagem foi fenomenal. É de salientar que era o primeiro contato do nosso comboio com a via estreita e tudo estava a correr perfeitamente! Filmámos toda a viagem de ida e praticamente toda a viagem de volta. No próximo vídeo, a continuação do anterior: passagem no km 19 e um pouco do 18. Aqui, ainda estávamos a ganhar confiança com o comboio na via estreita.
Continuação da viagem: passagem nos kms 18, 17 (apeadeiro de Tralhão, ao km 17.8, com uma hora de atraso!), 16 e um pouco do 15. Estes primeiros quilómetros correram bastante bem!
Ao km 15.5 temos o bonito apeadeiro de São Lourenço que servia as famosas termas com o mesmo nome. Aqui, recuperamos o atraso para 50 minutos! Além, então, do km 15, no próximo vídeo mostramos também os kms 14 e 13. Termina com a nossa chegada à Estação de Santa Luzia, ao km 13.4, e com a filmagem do envolvente da estação. Uma das estações mais bonitas que poderá vir a ficar submersa! Quando em serviço, a população da Aldeia de Amieira (que se pode ver na margem direita do Rio Tua) passava para o outro lado do Rio usando um teleférico artesanal só para pessoas mesmo corajosas! Isto porque a ponte que existia no local desapareceu numa das enxurradas valentes do Rio Tua. O engenho pode ser visto também no vídeo.
Agora uma pequena explicação acerca de Aparelhos de Mudança de Via (vulgas agulhas) Talonáveis. De seguida, continuamos viagem pelo km 13 e terminamos ao km 12.3 com o grande obstáculo da nossa marcha: uma grande derrocada da qual nós já tínhamos conhecimento, apenas não sabíamos muito bem onde era. O primeiro pensamento aquando da nossa chegada ao local foi desistir e voltar para trás. Não era mesmo nada fácil transpor um obstáculo daqueles, mas nós ultrapassamos pois somos os The Brave Ones! Como? Desmontando grande parte do comboio, passando entre as rochas caídas na linha e um precipício enorme para o Rio Tua! Uma manobra bastante demorada (cerca de uma hora e não meia hora como tentou disfarçar o José no vídeo) e arriscada! Mas, com muita cabecinha lá conseguimos...
Ultrapassado o grande obstáculo, lá continuámos, contentes, rumo ao nosso objetivo. Ficamos foi desiludidos quando nos deparámos com o segundo grande obstáculo, ao km 10.8, que nos obrigou a manobrar novamente o B. O. Train, desta vez sem o desmontar: uma grande rocha, mesmo no meio da Linha, que até parecia ter sido lá colocada de propósito! Com esta já não contávamos! Até pensámos em retirar a pedra mas não tínhamos os meios necessários...
Obstáculos ultrapassados seguimos já com algum receio que mais algum nos surgisse à frente.Mas depois foi sempre a andar! Ou não! Neste vídeo percorremos os kms 10, 9, 8 e 7. No km 7.2, no apeadeiro de Castanheiro, mais uma paragem prolongada! Mas, desta vez, por uma ótima razão...
Melhor razão que tomar um bom banho refrescante no Rio Tua, num dia bastante quente de Julho? Não deve haver... E assim foi, durante uma hora, os The Brave Ones de volta à Praia Fluvial do Castanheiro, revivendo a caminhada que já fizemos nesta linha entre Codeçais e Tua. Com a fome já a apertar bastante e o tempo a esgotar-se, lá saímos da Praia ainda meios molhados e continuámos viagem até ao nosso local de almoço: o Túnel de Fragas Más II, ao km 5.84. Não é todos os dias que se almoça num Túnel da Linha do Tua que, infelizmente, pode vir a ser submerso em breve...
Depois do Almoço, uma sessão fotográfica ao B. O. Train:
Após um reconfortante almoço, hora de voltar à Linha, com o José a maquinista e o Bruno na câmara. Kms 5 e 4, com o Apeadeiro de Tralhariz ao km 4.3:
Últimos metros percorridos pelo comboio em sentido descendente. Não chegámos mesmo até ao km 3 com o B. O. Train pois, cerca de 200 mts atrás, havia uma derrocada que, obviamente, não valeria a pena passar. Saímos do comboio e realizamos estes últimos metros a pé até ao ponto fulcral onde o carril termina pelas razões que já explicámos acima. Pelo caminho, vamos fazendo um ponto da situação desta linha e até mesmo de outras de Via estreita! É um momento triste para nós, o "princípio do fim da Linha do Tua"!
Após inverter o comboio, está mais do que na hora de voltar para Brunheda! Cerca das 16:45 foi a partida em sentido ascendente. As filmagens, agora, têm menor qualidade uma vez que a máquina utilizada foi a de fotografar... Kms 3, 4, 5 e 6 sempre a subir!
Realizámos uma pequena homenagem às vítimas do descarrilamento no km 6, em 12 de Fevereiro de 2007, mostrando o local do acidente e relembrando o facto: as nossas mais sentidas condolências para com as vítimas de um triste acidente... Kms 6, 7 e 8 no próximo vídeo:
Sempre a subir e o mais rapidamente possível lá íamos com o objetivo de chegar a tempo de desmontar o comboio ainda com a luz do dia. No próximo vídeo, os kms 8, 9 e 10 da linha, terminando na Rocha estrategicamente colocada de forma a impedir-nos completamente o caminho.
Agora, novamente, o pequeno troço da linha do Tua que separava os nossos dois grandes obstáculos. Mostrámos também umas imagens do comboio a meio do processo de passagem na grande derrocada do km 12.3: imaginem lá a trabalheira que ali tivemos...
Kms 12, 13 e 14 sem paragem em Santa Luzia, apenas um pequeno afrouxamento: vejam que as agulhas, desta vez, levaram-nos para a Linha da Esquerda.
Km 14, 15, 16 e 17... É sempre a andar...
Por uma questão de poupança de baterias, deixamos de filmar cerca de 2 kms (18 e 19) para o fazermos à chegada de Brunheda. Fiquem, então com o km 20 e chegada ao nosso destino, por hoje, apeadeiro de Brunheda ao km 21.2
De seguida ainda tivemos a honra de falar com um dos membros do MCLT (Movimento Cívico Pela Linha do Tua): o Sr. Mário Carvalho que muito bem nos acolheu. Fica aqui um agradecimento e um Grande Abraço por todo o apoio que nos deu. Um MUITO OBRIGADO!
Comboio desmontado e colocado nas nossas viaturas e estamos prontos para a viagem de regresso a casa. Foi das melhores viagens de comboio das nossas vidas e poderia ter sido perfeita não fossem as derrocadas que nos deram tanto trabalho... E ficou, desde logo, prometido que o restante percurso (Brunheda - Cachão) também viria a ser percorrido pelo nosso comboio B. O. Train: o que aconteceu a 3 de Abril de 2011!
Fiquem com as fotos da Marcha entre Brunheda e Tua. Visitem a nossa lista de vídeos e galeria de fotos através dos links acima e deixem comentários....
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