Linha do Douro: Pocinho -> Tua

4, 5 e 6 de Abril de 2009

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E chegou o dia da suposta primeira aventura com o nosso comboio B. O. Train. "Suposta" porque acabou por ser mais uma caminhada, mas mais adiante explicaremos o porquê.
Dia 4 de Abril, por volta das 6 horas da manhã, lá partimos em direcção a Barca d'Alva, onde iríamos iniciar a nossa marcha com o nosso comboio até Fuentes de San Esteban. Uma vez lá, voltaríamos a Barca d'Alva, numa extensão total de 154 kms (77 kms em cada sentido). Tudo isto em 4 dias!
O nosso itinerário para Barca d'Alva não foi escolhido ao acaso! Queríamos acompanhar ao máximo possível a linha do Douro. À passagem pelo apeadeiro de Pala:



Desta forma, seguimos pela estrada marginal ao Rio Douro até à Régua. Lá, passamos para a outra margem do rio, o que nos permite deslumbrar de uma paisagem magnífica, única, com a linha do outro lado, sempre paralela ao rio.
Fizemos também uma visita a Vila Nova de Foz Coa onde, após uma passagem na estação mítica do Pocinho, aproveitamos para almoçar, almoço esse realizado num restaurante com um nome bastante sugestivo: "O Apeadeiro". Neste, encontravam-se afixadas fotografias que remontam dos tempos em que a linha entre Pocinho e Barca d'Alva se encontrava activa. O dono do restaurante, muito gentilmente (ao qual agradecemos bastante) autorizou-nos a fotografar estas fotografias (passo a redundância) que colocamos no nosso site de fotos. São fotos das estação do Tua em actividade, de um comboio a vapor em cima da Ponte sobre Rio Coa e ainda uma foto da estação de Barca d'Alva quando passavam lá comboios.

Depois do almoço, resolvemos visitar as estações que compõem o troço desactivado Pocinho - Barca d'Alva. Com a excepção de Castelo Melhor (devido a ter uns péssimos acessos), visitamos todas, o que nos fez "perder" um pouco de tempo, já que para visitar uma, tinha-se de percorrer uns valentes quilómetros e depois voltar para trás porque não "ficava a caminho"! Nesta zona é mesmo assim! Contudo, foram momentos nostálgicos que nos fizeram lembrar bem a nossa primeira aventura!



Com isto, chegámos a Barca d'Alva por volta das 18 horas. Depois de um pequeno lanche com o Sr. Andrés (basicamente um habitante de Barca d'Alva que é o nosso transportador oficial naquelas zonas), dirigimo-nos mesmo à entrada da Ponte Internacional e começámos a montagem do B. O. Train. Durante a montagem, tivemos uns olhares curiosos de alguns turistas espanhóis e mesmo habitantes de Barca d'Alva que ficavam surpreendidos com tal engenho.
Duas horas de montagem e o comboio está pronto para marcha! E a partida oficial do comboio dá-se às 20h10, ou seja, quase noite.



Subimos a bordo do nosso comboio e começamos a pedalar. Logo na Ponte Internacional experimentámos o grande problema que o comboio tinha. Passamos a explicar: a meio da Ponte, ou seja, onde entramos precisamente em território espanhol, a linha tem um segundo carril (chamemos-lhe assim) denominado de Sistema de Anti-Desastre Eminente. Como as nossas rodas eram demasiado pequenas e este carril é ligeiramente mais alto que o carril onde circulam os rodados, a parte inferior do nosso comboio "raspava" (chegando mesmo a travar bastante) no Sistema suprarreferido. Apesar da dificuldade que nos estava a surgir, conseguimos passar a ponte.
À medida que pedalávamos, outros problemas iam surgindo. Nomeadamente, a espessura/qualidade das nossas correntes. Como o trajecto era a subir e o nosso comboio ia bastante pesado devido aos mantimentos que levávamos para 4 dias, as correntes começaram a rebentar o que também dificultou imenso a nossa progressão.
Finalmente, decidimos não continuar mais (isto já era noite cerrada) quando, na segunda ponte, o carril do Sistema de Anti-desastre Eminente se encontrava bem mais alto que o normal, embatendo no B. O. Train. Desta forma, era mesmo impossível prosseguir marcha uma vez que era mesmo em cima de uma ponte e qualquer manobra de transporte manual do comboio envolvia perigo de morte devido à altura da ponte. E, foi à entrada desta primeira ponte espanhola que jantámos, à luz do fogareiro, bastante desolados pela grande derrota nossa, frente às más condições da linha. Nesta altura, só nos vinha uma pergunta à cabeça: O que vamos fazer agora?!
Depois da discussão em conjunto, decidimos realizar uma caminhada na Linha do Douro, esta com duração de dois dias e uma extensão de 32 kms. Assim sendo, voltamos a Barca d'Alva com o comboio, desmontámo-lo e colocamos novamente tudo no carro. Eram já 4 da manhã quando terminamos tal operação. Estudamos, então, a caminhada a realizar no dia seguinte com a documentação que levávamos. Afinal Brave Ones prevenidos valem por 6!!
A primeira foi, portanto, uma noite em claro. Na manhã de dia 5, iniciamos a viagem até à estação do Tua, de carro claro! Chegamos por volta das 12h30 o que, ao contrário dos planos, fez-nos perder o comboio para o Pocinho (local onde pensávamos almoçar) das 11h58 no Tua. Decidimos, então, fazê-lo nos primeiros quilómetros da Linha do Tua, uma vez que se encontrava temporariamente encerrada. Foi junto do primeiro túnel (Túnel das Presas) que o fizemos e comemos francesinha bem à moda dos The Brave Ones!!



A próxima etapa foi realizar a viagem entre Tua e o Pocinho de Comboio. Embarcamos no comboio das 16h15, por isso ainda estivemos bastante tempo na estação do Tua a tomar café, sobremesa, explorando a estação...



Chegados ao Pocinho às 17 horas e, depois de um lanche nesta estação, partimos para a caminhada.



Estação do Pocinho - km 171,5

Cerca de 6 kms depois da estação do Pocinho, encontramos o local ideal para pernoitar, junto a um dos muitos viadutos metálicos que esta linha tem, na zona.

Local de Pernoita
No dia seguinte, tivemos um acordar bastante original: acordamos ao som do buzinar de uma locomotiva da série 1960, buzina essa accionada por um maquinista maroto que não resistiu à tentação de nos acordar. Já agora, esta locomotiva traccionava o comboio de mercadorias (de sacos de cimento, mais precisamente) que se faz aos dias úteis (mais às segundas, quartas e sextas-feiras) entre Gaia e o Pocinho, com chegada a esta estação por volta das 8 horas. Aquando da sua volta ao Porto, apanhámo-lo!





Depois de um bom pequeno-almoço e todos sonolentos lá continuamos a nossa caminhada pela belíssima Linha do Douro. Conseguimos fotos fantásticas de um Património Mundial!!



Ao fim da manhã, chegamos ao apeadeiro de Freixo de Numão - Mós do Douro onde almoçamos no Restaurante "Bago d'Ouro".

Apeadeiro de Freixo de Numão - km 162,9



Depois de um bom almoço, caminhar estava a ser uma tarefa complicada! No caminho, uma dresine de serviço passou por nós!



Mas íamos seguindo a caminho de Vesúvio, o próximo apeadeiro.

Ao fundo o apeadeiro de Vesúvio - km 158,4



Seguiu-se da estação de Vargelas, apeadeiro de Ferradosa, Alegria e, por último, a chegada à estação do Tua.





Estação de Vargelas - km 153,1

Apeadeiro de Ferradosa - km 151,4

Viaduto de Ferradosa










Como caminhávamos calmamente, a partir de Ferradosa, fizemos uma caminhada nocturna, uma vez que passava das 20h30 e ainda nos encontrávamos nesta zona.



Apeadeiro de Alegria  - km 145,1
Eram já 00h30 quando chegamos à estação do Tua.

Estação do Tua - km 139,8

O cansaço era já bastante e ainda tínhamos uma longa viagem para fazer até ao Porto, mas, desta vez, de automóvel! Tomámos o caminho pelo I.P.4. Chegamos a casa já bastante tarde, eram já 5 horas da manhã!
E assim foi mais uma aventura que acabou por ser aquilo que não esperávamos. Apesar da frustração causada pela viagem com o nosso comboio não ter corrido bem, realizamos uma caminhada belíssima e única. E, em três dias, passámos por óptimos momentos sempre com a promessa de voltar, mas desta vez, com o B. O. Train mais adaptado à linha.

Fotos da Aventura (podem ser melhor visualizadas na nossa galeria de fotos):



Todos os Vídeos da aventura podem ser visualizados através do link no topo.

1 comentário:

Vitor disse...

A Ponte da Ferradosa antiga teve de ser desmantelada por causa da albufeira da Barragem da Valeira. A antiga ponte era metálica e a mesma tinha a estrutura metálica da altura dos seus encontros e nada podia passar por debaixo.